sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Gosto muito de ti


Havia, uma vez, um rapaz - primeiro em tudo: 
melhor atleta, melhor estudante, mas o que nunca soubera se tinha sido um bom filho, um bom companheiro ou um bom amigo. Num dia de depressão o rapaz deixou-se morrer.
Quando ia a caminho do céu encontrou um Anjo e este perguntou-lhe:
- Por que fizeste isto se sabias que te amavam?...
Ao que ele respondeu:
- Há vezes em que vale mais uma só palavra de consolo do que tudo que se possa sentir... Em tão longo tempo eu nunca escutei:
"Eu Gosto de Ti"
Como o Anjo ficou pensativo, o rapaz disse:
- E sabes o que mais dói???
O Anjo, triste, perguntou-lhe:
- O quê?
Ele respondeu:
- Que apesar disso ainda espero escutar algum dia um EU GOSTO DE TI!!!!'
Em seguida a isto, o Anjo abraçou o rapaz e disse-lhe que não se preocupasse porque dele se aproximava a única pessoa que sempre lhe havia dito aos ouvidos que o amava, mas a quem ele nunca havia escutado e que agora o recebia de braços abertos.
É importante que se diga às pessoas o quanto elas são importantes para nós. Se eu morresse hoje... só queria que tu soubesses:
OBRIGADO PELA TUA AMIZADE....EU GOSTO MUITO DE TI!!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

As vezes vale a pena pensar...


Se acordaste hoje mais saudável que doente, tens mais sorte que um milhão de pessoas, que não verão a próxima semana.
Se nunca experimentaste o perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia da tortura, a dor da fome, tens mais sorte que 500 milhões de habitantes no mundo.
Se podes ir à igreja sem o medo de ser preso ou torturado, tens mais sorte que 3 milhões de pessoas no mundo.
Se tens comida na frigorífico, roupa no armário, um tecto sobre a cabeça, um lugar para dormir, considera-te mais rico que 75% dos habitantes deste mundo.
Se tens dinheiro no banco, na carteira ou uns trocos em qualquer parte, considera-te entre os 8% das pessoas com a melhor qualidade de vida no mundo.
Se teus pais estão vivos e ainda juntos, considera-te uma pessoa muito, muito rara.
Se puderes ler esta mensagem, recebeste uma dupla bênção, pois alguém pensou em ti e tu não estás entre os dois mil milhões de pessoas que não sabem ler.
Vale a pena tentar:
·         Trabalha como se não precisasses de dinheiro
·         Ama como se nunca ninguém te tivesse feito sofrer
·         Dança como se ninguém estivesse olhando
·         Canta como se ninguém estivesse ouvindo

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Amor tudo pode


Ainda que eu fale todas as línguas do mundo,
Se me faltar o amor,
Sou como um bronze que soa ou um sino que toca.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
E conheça todos os mistérios e toda a ciência,
Ainda que eu tenha uma grande fé
Capaz de mover montanhas,
Se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
Para alimentar os pobres e entregue o meu corpo às chamas,
Se me faltar o amor,
De nada me serve.
O amor é paciente, é prestável;
O amor não é invejoso, 
Não é arrogante,
Não é orgulhoso,
Não age com baixeza,
Não procura o seu próprio interesse.
O amor não se deixa levar pala ira;
Esquece e perdoa as ofensas.
Nunca se alegra com a injustiça
E rejubila sempre com a verdade.
O amor tudo desculpa, tudo crê,
Tudo espera e tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
O dom das línguas terminará
E a ciência será inútil,
(porque a nossa ciência é imperfeita
e as nossas profecias limitadas.)
Mas, quando vier o que é perfeito,
O imperfeito desaparecerá.
Quando era criança, falava como criança,
Sentia como criança, pensava como criança,
Mas, quando me tornei homem,
Deixei o que era próprio de criança.
Da mesma forma, 
Agora vemos como por um espelho, de maneira difusa,
Mas depois veremos tudo face a face.
Assim, agora permanecem estas três coisas:
A fé, a esperança e o amor.
Mas a maior de todas é o amor.
Saulo de Tarso, Arteplural, Lda.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um abraço

Sentir o nosso coração ao mesmo tempo que o de alguém a quem damos um abraço faz-nos de tal maneira bem à saúde, traz-nos uma tal paz, que até existe uma forma de tratamento chamada Terapia do Abraço.
Um bom abraço ajuda-nos a sentir as muitas dimensões do amor: a facilidade para receber e dar, a sensibilidade para o sofrimento, a disponibilidade para a alegria de se divertir e a profundidade da ternura.
Abraçar alguém é como dizer-lhe: "Olha, aqui estou para o que quiseres, de coração aberto para ti". O que implica aceitar ser rejeitado. Mal interpretado. Correr esse risco.
No entanto, só se a atitude interior, o pano de fundo a partir do qual nos relacionamos com os outros, for de lhes estender os braços e de os tocar, poderemos descobrir o valor da partilha.
Não são só as pessoas solitárias, infelizes, inseguras, que precisam ser abraçadas. Abraçar bem dá-nos saúde. Mas não se trata de abraços sociais, de conveniência, em que duas pessoas se tocam apenas por fora – portanto não se tocam -, nem de abraços de dois amantes apaixonados que um ao outro se agarram.
São abraços que acontecem porque saem cá de dentro sem que os travemos. Como expressão de um amor incondicional que nos habita – e de que não temos medo, porque o olhamos como algo que verdadeiramente nos liberta.
A intimidade que um abraço sincero oferece é a da compreensão. Da atenção. Da solidariedade. Da amizade que existe para lá da exaltação dos sentidos, apenas por ter a consistência daquilo que brota do fundo de nós mesmos e que se mantém quer faça sol quer chova.
Abraços são uma espécie de foguetes capazes de fazer despertar moribundos ou fazer levantar da cama preguiçosos. Explosões de vida. Há quem goste de os dar para reafirmar um vínculo de amizade ou qualquer outro sentimento. E são uma das melhores festas gratuitas a que toda a gente tem acesso. São abraços do fundo do coração, frequentes entre duas pessoas que, por nada pedirem uma à outra, de cada vez que se encontram recebem sempre muito – e apenas por isso são levadas a celebrá-lo.
Quando um coração se abre para outro coração, há quase sempre uma qualquer maravilha que pode acontecer. Ou, quanto mais não seja, uma sensação de paz possível, neste mundo cheio de guerras em que vivemos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Objectivo da Arte não é Ser Compreensível


Toda a arte é expressão de qualquer fenómeno psíquico. A arte, portanto, consiste na adequação, tão exacta quanto caiba na competência artística do fautor, da expressão à cousa que quer exprimir. De onde se deduz que todos os estilos são admissíveis, e que não há estilo simples nem complexo, nem estilo estranho nem vulgar. 
Há ideias vulgares e ideias elevadas, há sensações simples e sensações complexas; e há criaturas que só têm ideias vulgares, e criaturas que muitas vezes têm ideias elevadas. Conforme a ideia, o estilo, a expressão. Não há para a arte critério exterior. O fim da arte não é ser compreensível, porque a arte não é a propaganda política ou imoral. 

Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo'

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Plante o futuro



Um senhor já idoso amava muito as plantas. Todos os dias acordava bem cedo para cuidar de seu jardim. Fazia isso com tanto carinho e mantinha o jardim tão lindo que não havia quem não admirasse suas plantas e flores.
Certo dia resolveu plantar uma jabuticabeira.Enquanto fazia o serviço com toda  dedicação, aproximou-se dele um jovem que lhe perguntou:
- Que planta é essa que o senhor está cuidando?
- Acabo de plantar uma jabuticabeira! - respondeu.
- E quanto tempo ela demora para dar fruto? - indagou o jovem.
- Ah! Mais ou menos uns 15 anos - respondeu o velho.
- E o senhor espera viver tanto tempo assim? - questionou o rapaz.
- Não meu filho, provavelmente não comerei de seu fruto.
- Então, qual a vantagem de plantar uma árvore se o senhor não comerá de seu fruto O velho, olhando serenamente nos olhos do rapaz, respondeu:
- Nenhuma, meu filho, exceto a vantagem de saber que ninguém comeria jabuticaba se todos pensassem como você.
   O rapaz, ouvindo aquilo, despediu-se do velho e saiu pensativo.Depois de caminhar um pouco, encontrou à sua frente uma árvore e parou para descansar à sua sombra.
    De repente olhou para cima e percebeu que se tratava de uma jabuticabeira carregada de frutos maduros.
      Pôde então saborear deliciosas jabuticabas. Enquanto comia, lembrou-se da sua conversa com o velho e refletiu: "Estou comendo esta jabuticaba porque alguém há 15 anos atrás plantou esta árvore.Talvez essa pessoa não esteja mais viva, mas seus frutos estão."O importante é plantar e saber que um dia alguém será beneficiado.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Sensacionismo


Sentir é criar. 
Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias. 
- Mas o que é sentir? 
Ter opiniões é não sentir. 
Todas as nossas opiniões são dos outros. 
Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se julga que se sente. 
Só o que se pensa é que se pode comunicar aos outros. O que se sente não se pode comunicar. Só se pode comunicar o valor do que se sente. Só se pode fazer sentir o que se sente. Não que o leitor sinta a pena comum [?]. 
Basta que sinta da mesma maneira. 
O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma. 
A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas próprias antecâmaras é proibido ser explícito.
Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica. Deus é toda a gente. 
Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar - são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo, e a nossa relação com o Universo Deus. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

AS PALAVRAS



(José Saramago)

As palavras são boas. As palavras são más. As
palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. 
As palavras queimam. As palavras acariciam. 
As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, 
vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam...
As palavras aconselham, sugerem, insinuam, 
ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas
ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas
com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios 
de palavras que vivem em boa paz com as suas
contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o 
contrário do que pensam, julgando pensar o 
que fazem. Há muitas palavras. E há os
discursos, que são palavras encostadas
umas às outras, em equilíbrio instável graças
a uma precária sintaxe, até ao prego final do
Disse ou Tenho dito. Com discursos se comemora, 
se inaugura, se abrem e fecham sessões, se 
lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas
de veludo. São brindes, orações, palestras e
conferências. Pelos discursos se transmitem 
louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E
depois as palavras dos discursos aparecem deitadas 
em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por
essa via entram na imortalidade do Verbo. E as palavras
escorrem tão fluidas como o
"precioso líquido". Escorrem interminavelmente, 
alagam o chão, sobem aos joelhos,
chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço.
É o dilúvio universal, um coro desafinado 
que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu 
caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos,
aos uivos, envoltos também num murmúrio manso,
represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas
e perturba as comunicações, como as tempestades 
solares. Porque as palavras deixaram de comunicar.
Cada palavra é dita para que se não ouça outra
palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, 
afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: 
amassa. A palavra é a erva fresca e verde 
que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira 
nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. 
A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar 
as palavras para que a sementeira se mude em
seara. Daí que as palavras sejam instrumento 
de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha
o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio. 
O silêncio, por definição, é o que não se ouve.
O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa.
O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, 
o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. 
Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras.
As palavras boas e as más. O trigo e o joio.
Mas só o trigo dá pão.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Viajantes


 Somos todos viajantes de uma jornada 
cósmica – poeira de estrelas, girando e dançando 
nos torvelinhos e redemoinhos do infinito: a vida é
eterna. Mas suas expressões são efêmeras,
momentâneas, transitórias. Gautama Buda disse 
certa vez:   "Nossa existência é transitória como 
as nuvens do outono. Observar o nascimento e
a morte do ser é como olhar os movimentos da dança.
Uma vida é como o brilho de um relâmpago
no céu, levada pela torrente montanha abaixo."
Nós paramos um instante para encontrar o outro 
para nos conhecermos, para amar e compartilhar.
É um momento precioso, mas transitório. Um 
pequeno parêntese na eternidade. Se partilhamos 
carinho, sinceridade, amor, criamos abundância e 
alegria para todos. Esse momento de amor
é eterno.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DEIXAR DE SER O QUE SOMOS VALE A PENA?



Ninguém é feliz deixando de ser o que é, calando o que sente, para agradar alguém.

Calando a sua consciência por medo de perder quem ama ou para manter vivo um sonho que realmente nunca chegou a ser uma realidade.

Anulando-se para tentar satisfazer a quem ama, não percebendo que aquele que aceita tal sacrifício, é uma pessoa extremamente egoísta que nunca estará realmente satisfeita sempre lhe faltando algo, algo que nem sabe o que é.

Egoísta a ponto de sempre colocar suas prioridades em primeiro lugar, a ponto de nunca modificar nada em sua vida ou abrir espaço para que em sua vida entre as necessidades do companheiro.

Muito triste quando encontramos pessoas que vivem desta forma, pessoas que são dominadas, dominadas pelo companheiro, que sabe que as domina, pois já pegou seu ponto fraco, que vive para apontar defeitos, que não admite ser corrigida e que usa de sua fragilidade para amenizar seus erros e as consequências dos mesmos

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Conceitos de Perfeição


Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita. A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por contraste e semelhança, um conceito de perfeição. É a esse conceito de perfeição que se dá o nome de ideal. 
Por muitas que pareça que devem ser as maneiras por que se pode ter a vida por imperfeita, elas são, fundamentalmente, apenas três. Com efeito, há só três conceitos possíveis de imperfeição, e, portanto, da perfeição que se lhe opõe.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Igor Gonçalves

Revolução

Incrível será fazer você entender
Entender que o amor que escrevo em meus textos vem do meu ódio.
Como modo de controla-lo eu transformo em amor
Criando um ser fantasticamente perfeito pra mim.
Incrível será fazer você entender que vou para de sonhar
Vou da um tempo como minha mulher invisível, vou escrever minha revolta.

Incrível serão meus textos agora, usarei meu ódio.
Vou usar como protesto, como revolta, como modo de mudança.
Incrível meu leitor será agora a revolução da minha escrita
Meu amor não morreu tá aqui guardado e fervendo.
Pegarei o melhor de mim e guardarei pra alguém de bem
Alguém que mereça ser real e não fantasticamente feita por mim.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Martha Medeiros


Pelo o que me diz respeito
Eu sou feita de dúvidas
O que é torto, o que é direito
Diante da vida
O que é tido como certo, duvido
E não minto pra mim
Vou montada no meu medo
E mesmo que eu caia
Sou cobaia de mim mesma
No amor e na raiva
Vira e mexe me complico
Reciclo, tô farta, tô forte, tô viva
E só morro no fim
E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem
Eu por mim já descarrilho
E não atendo a ninguém
Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo
E mergulha com tudo
Pra dentro de si
Lá do alto do telhado pula quem quiser
Só o gato que é gaiato
Cai de pé...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Acreditar


A felicidade é construída todos os dias, nos pequenos detalhes, nos encontros e nas reflexões. 
Eu acredito na felicidade e
sei que Deus diz sim para aquilo
em que acreditamos. Se sua vida não está
do modo como você gostaria,
dê um jeito de transformá-la. 
É o maior presente que pode dar a si mesmo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Paulo Siuves


Querer e Poder

Posso muitas coisas, inclusive o que não quero, porém, quero mais do que posso.

Quero o que posso querer, mas não posso o que quero poder, se querer é poder, porque não posso o que quero?

Se o que quero eu não posso, posso ao menos querer o que posso!

O que não quero eu posso, o que não posso eu quero, o que posso eu não quero.

Faço o que posso para querer o que faço,, mas sempre faço o que não quero (...)

Faço o que quero, mas não posso o que faço, pois quero, mas não posso, ou posso, mas não faço, porque quero o que não posso?

O que quero é o que não posso, o que posso é o que não faço, então,

Desde quando querer é poder???

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

FAZ DE CONTA

Eu gostava de fazer de conta que eu era uma estrela. Ficava horas e mais horas retirando forças para fagulhar meu brilho, enquanto nenhum ser se preocupava em dar uma simples espiadela. Isso era tudo de que precisava, uma espiadela, que faria todo o sentido em minha tola existência. Em toda essa imensidão, em todas as maneiras de universos e galáxias possíveis, eu nem sequer encontrei quem me carecesse um piscar. Mas, dentre desatenções, você instintivamente brilha. E como que toda escuridão já era me feita, não pude perceber. Você insistia, não adiantava. Tentava novamente, nada. E quando eu me vi, realmente, em um ensejo, tremeluzi como se todas as forças do mundo se encontrassem em mim. Nós brilhamos juntos, como que o céu todo não fizesse sentido, e nós brilhamos juntos em extraordinária alegria. Mas, na verdade, todas as forças do mundo não se encontravam em mim, nem em você. A luz que a gente compartilhava foi enfraquecendo, mas as coisas continuavam sem sentido algum. E essa história de ser estrela não era mais tão fantástica. Ousei não desistir, essa conspiração toda que o universo fez ao nosso favor não iria se quebrar assim. Quando te mostrei meu brilho, aquele que você nunca tinha visto antes, você deu aquela simples espiadela que eu tanto precisava. E isso foi o bastante para mim. Daí, nós explodimos completamente em um amor sem fim, e o barulho ecoa até hoje em meu céu.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Soraia Andrade de Holanda

Conceituar pessoas é o mesmo que traduzir textos de uma língua que você não conhece; traduzir o amor é o mesmo que tentar ler esse mesmo texto sem ao menos conhecer o alfabeto...E falar sobre mim, é falar de um texto em construção, que as vezes rabisco, apago e até redijo em cima. Eu sou a história que construo, com os acertos e recomeços inevitáveis, com sorrisos largos e sinceros, e as vezes, lágrimas que chegam a manchar o texto de minha vida. Todavia, escrevo EM CAIXA ALTA, que é pra tudo ficar muito claro. Sou autêntica, sincera, amiga, carinhosa e tudo o mais que a sua personalidade mereça. No texto da minha vida, os personagens são seletos, as páginas totalizam 23 anos, e o final Deus já reservou para mim...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Layla Péres


Nem todos os textos serão sobre como ser feliz, nem todas as músicas serão de amor, nem todos os sorrisos serão verdadeiros, nem todos os dias serão de sol. A vida é um escola, na qual nunca saímos, cada dia é uma lição, e não se engane, suas provas são de ferro, mas duras que qualquer outra. A vida não tem roteiro, não tem livro, nem questionário, não tem como estudar antes, ela é assim, no improviso, e outra, não existe borracha, não tem essa de errou, concerta. Nossa vida, é cheia de idas, vindas, desamor, amor, inicios felizes e finais tristes e vice versa, não sabemos da nada, e procuramos saber tudo, como o ser humano é tolo! Tem dia que você está sem esperança, por mais que sua dor não seja a maior do mundo, ela te rasga, te fere e isso não serve de consolo. Solução para isso? Creio eu que o tempo, mas quem sou eu para achar alguma coisa, dessa vida só sei que nada sei, só espero encontrar meu lugar, dá umas boas risadas, fazer bons amigos, e aproveitar os dias de sol.. Antes que a tempestade trate de cruzar meu caminho.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Augusto Branco


Sobre a Ira e a Estupidez

Priva-te da ira e da estupidez quando ouvires algo desagradável a teu respeito.

A estupidez nunca é positiva. Você pode ser uma pessoa verdadeira, sincera e até ser dura sem precisar ser estúpida. 

Quando algo te irritar, conte ao menos até três; se precisar,conte outra vez. Deixe passar algumas horas ou até alguns dias. Escreva, reflita, faça uma autocrítica. Você vai acabar percebendo que você é capaz de compreender e perdoar muitas coisas, e vai acabar vendo que aquela pessoa talvez não estivesse tão errada assim. 

Converse, busque um diálogo sério, mas cordial. Você estará contribuindo para teu crescimento, pois estará exercitando o perdão e a compreensão, e sem dúvida estará contribuindo para o crescimento daquela pessoa também. 

Agindo assim, você estará construindo relacionamentos, senão mais profundos,ao menos mais respeitosos e verdadeiros.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mario Quintana



INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA
A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Martha Medeiros


Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem vai acreditar? 
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe. 
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e esta convicção fizer parte integrante do processo. 
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um rio. 
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra. 
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá. 
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para traz. 
Estoura a sua ponte. 
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça. 
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio da ponte. 
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão... eu também não. 
Realmente não é simples. 
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos desaparecerão. 
É só não se desesperar. 
Seja no mínimo um pouco paciente. 
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são: 
ESTOURAR A PONTE ANTES DE ATRAVESSÁ-LA Você começou a sonhar... sonhar... sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de algo melhor. 
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e competências o realize. 
Pergunto, vale a pena insistir? 
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho, estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para outros sonhos! ESTOURAR A PONTE NO MOMENTO DE ATRAVESSÁ-LA Acredito que tenha ficado claro, mas cabe o reforço. 
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja, a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum. Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores. 
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem destino. 
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar... 
ESTOURAR A PONTE DEPOIS DE ATRAVESSÁ-LA. 
No início comentei sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma sorte. 
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é sucesso. 
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer o que gosta. 
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores, onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e não desfrutar daquilo que realmente deseja. 
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e encontraram os objetivos do outro lado. 
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não, enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização. 

A visão sem ação, não passa de um sonho. 
A ação sem visão é só um passatempo. 
A visão com ação pode mudar o mundo.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Luís Fernando Veríssimo


Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
a coragem para mudar as coisas que não posso aceitar
e a sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas que eu tive que matar por estarem me enchendo o saco. 

Também, me ajude a ser cuidadoso com os calos em que piso hoje, pois
eles podem estar conectados aos sacos que terei que puxar amanhã. 

Ajude-me, sempre, a dar 100% no meu trabalho... 
- 12% na segunda-feira, 
- 23% na terça-feira, 
- 40% na quarta-feira, 
- 20% na quinta-feira, 
- 5% na sexta-feira. 

E... Ajude-me sempre a lembrar,
quando estiver tendo um dia realmente ruim e todos parecerem estar me enchendo o saco,
que são necessários 42 músculos para socar alguém e apenas 4 para estender meu dedo médio e mandá-lo para aquele lugar... 

Que assim seja!!! 

Viva todos os dias de sua vida como se fosse o último.
Um dia, você acerta.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Charles Chaplin


O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Augusto Cury


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

(Dez leis para ser feliz, Editora Sextante, 2003)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Vinícius de Moraes


Dialética

É claro que a vida é boa 
E a alegria, a única indizível emoção 
É claro que te acho linda 
Em ti bendigo o amor das coisas simples 
É claro que te amo 
E tenho tudo para ser feliz 
Mas acontece que eu sou triste...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mario Quintana


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A Idade de Ser Feliz


Existe somente uma idade para a gente ser feliz, 
somente uma época na vida de cada pessoa 
em que é possível sonhar e fazer planos 
e ter energia bastante para realizá-las 
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. 

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente 
e desfrutar tudo com toda intensidade 
sem medo, nem culpa de sentir prazer. 

Fase dourada em que a gente pode criar 
e recriar a vida, 
a nossa própria imagem e semelhança 
e vestir-se com todas as cores 
e experimentar todos os sabores 
e entregar-se a todos os amores 
sem preconceito nem pudor. 

Tempo de entusiasmo e coragem 
em que todo o desafio é mais um convite à luta 
que a gente enfrenta com toda disposição 
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, 
e quantas vezes for preciso. 

Essa idade tão fugaz na vida da gente 
chama-se PRESENTE 
e tem a duração do instante que passa.
desconhecido

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Augusto Cury


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

(Dez leis para ser feliz, Editora Sextante, 2003)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

À DESCOBERTA DO AMOR

Ensaia um sorriso
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive á sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.
Mahatma Gandhi

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Paulo Coelho


Podemos acreditar que tudo que a vida nos oferecerá no futuro é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, se prestarmos atenção, vamos nos dar conta de que nenhum dia é igual a outro. Cada manhã traz uma benção escondida; uma benção que só serve para esse dia e que não se pode guardar nem desaproveitar.
Se não usamos este milagre hoje, ele vai se perder.
Este milagre está nos detalhes do cotidiano; é preciso viver cada minuto porque ali encontramos a saída de nossas confusões, a alegria de nossos bons momentos, a pista correta para a decisão que tomaremos.
Nunca podemos deixar que cada dia pareça igual ao anterior porque todos os dias são diferentes, porque estamos em constante processo de mudança.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A ÁGUA DO MUNDO

de Leo Jaime.

Vou correndo, como se isso me fizesse escapar dos pingos da chuva que se inicia. Menos tempo na chuva, pode ser ilusório, mas tenho a impressão de que ficarei menos molhado, de que chegarei menos ensopado. Com o canto do olho observo o senhor que com a mangueira termina de limpar a calçada, mesmo sabendo que a chuva há de modificar todo o cenário nos próximos instantes. Ou vai trazer de volta toda a sujeira que ele está tirando ou vai lavar outra vez o que ele acabou de lavar.

A água que cai do céu cai purinha, purinha, é o que penso enquanto corro dela. A água que cai do céu. Lembro-me do livro da Camille Paglia em que ela afirmava, ou pelo menos foi o que me recordo de ter dali subtraído, que o homem havia optado por viver em grupo por temor aos fenômenos naturais: chuvas, clima, terremotos etc. Foi preciso se unir contra as forças da natureza. As forças amorais na natureza. Quando passa um furacão levando tudo, bons ou os maus, estão todos ameaçados. Quando chove muito e tudo começa a inundar, anjos e demônios poderão estar, em breve, igualmente submersos. Quando a água falta, senhores e escravos morrem da mesma sede. Há forças mais poderosas que a maldade humana.

Os destinos turísticos são, em sua maioria, lugares interessantes por causa da água. Praias, lagos, rios, cachoeiras: somos naturalmente atraídos pela água. A simples vista para o mar ou rio já torna um ambiente mais interessante. Parece óbvio o que digo mas se levarmos em conta que grande parte do planeta é tomado por água isso passa a ser, sim, digno de nota: vivemos em meio a tanta água e ainda somos tão fascinados por ela! Nosso organismo é também, em sua maior porção, água. Somos água, viemos da água, para a água voltaremos e, enquanto tivermos como aproveitar a vida, queremos fazê-lo perto de alguma fonte de água límpida, na beira de um rio ou mar. Navegando, que seja. Queremos água.

Vivemos, porém, sob o alerta de que a água pode acabar. É preciso economizar. Parece absurdo pois a água é absolutamente indestrutível! Se você toca fogo ela vira fumaça e depois volta  a ser água, se congela ela derrete e volta a ser água, seja lá o que se faça com ela, a água volta a ser água depois de um tempo, pura e cristalina. E na mesma quantidade! Pois é. Mas pode voltar salgada. Sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar? O prejuízo maior que a água pode sofrer é a poluição. Uma vez poluída a água pode demorar muitos anos para voltar ao seu estado natural, potável, como os pingos da chuva lá do início.

Volto ao início e ao senhor que tentava varrer uma folha de árvore, pequenina, da porta de seu prédio, segundos antes da chuva começar. Quantos litros de água pura ele desperdiçava naquela tarefa imbecil? Não seria mais fácil varrer a folhinha ou pegá-la com a mão? Aquela água correria para o bueiro e se juntaria ao esgoto cheio de substâncias químicas e de lá iria parar sabe-se lá onde, mas, poluída, demoraria um tempo enorme para voltar para o reservatório d'água da cidade. Este tempo é que pode ser o suficiente para uma cidade entrar em caos por não ter o que beber. A água não vai "acabar" nunca, mas talvez, um dia,  não possamos usufruir dela onde e como gostaríamos. Talvez as grandes desgraças naturais não nos metam tanto medo porque o que nos vai derrotar mesmo sejam as folhinhas nas calçadas. Aguadas de estupidez.
23/03/2006
Leo Jaime é cronista do Blônicas todas as quintas-feiras.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

BEM-AVENTURANÇAS


Buda



“Bem-aventurados aqueles que sabem e cuja sabedoria está isenta de enganos e superstições.

Bem-aventurados aqueles que transmitem o que sabem de forma amável, sincera e verdadeira.

Bem-aventurados aqueles cuja conduta é pacífica, honesta e pura.

Bem-aventurados aqueles que ganham a vida sem prejudicar ou por em perigo a vida de qualquer ser vivo.

Bem-aventurados os pacíficos, que se despem da má vontade, orgulho e jactância, e em seu lugar situam o amor, a piedade e a compaixão.

Bem-aventurados aqueles que dirigem seus melhores esforços no sentido da auto-educação e da auto-disciplina.

Bem-aventurados sem limites aqueles que, por estes meios, se encontram livres das limitações do egoísmo.

E, finalmente, bem-aventurados aqueles que desfrutam prazer na contemplação do que é profundo e realmente verdadeiro neste mundo e na nossa vida nele.”



Extraído do livro "Grandes Vidas, Grandes Obras"
Seleções do Reader's Digest, pág. 275

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

BALEIA OU SEREIA?


Gabi

Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça de biquíni e a frase:
"Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?"

Respondo:

Baleias sempre estão cercadas de amigos.
Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos.
Baleias amamentam. Baleias nadam por aí, singrando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à beça.
Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.
Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais. Baleias são lindas e amadas.

Sereias não existem.
Se existissem viveriam em crise existencial:
"Sou um peixe ou um ser humano?"

Runner, querida, prefiro ser baleia !

Extraído do blog "Casa da Gabi", que agora está no endereço: http://casadagabi.tabulas.com

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ATIRE A PRIMEIRA FLOR


Glácia Daibert


Quando tudo parecer caminhar errado, seja você a tentar o primeiro passo certo;
 Se tudo parecer escuro, se nada puder ser visto, acenda você a primeira luz,
traga para a treva, você primeiro, a pequena lâmpada;
Quando todos estiverem chorando,  tente você o primeiro sorriso;
talvez não na forma de lábios sorridentes, mas na de um coração que
compreenda, de braços que confortem;

Se a vida inteira for um imenso não, não pare você na busca do primeiro
sim, ao qual tudo de positivo deverá seguir-se;
Quando ninguém souber coisa alguma, e você  souber um pouquinho,
seja o primeiro a ensinar,  começando por aprender você mesmo,
corrigindo-se a si mesmo;
 Quando alguém estiver angustiado à procura, consulte  bem o que se passa,
talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja;
Daí, portanto, o seu deve ser o primeiro  a aparecer,  o primeiro a mostrar-se,
primeiro que pode ser o único e,  mais sério ainda, talvez o último;
Quando a terra estiver seca,  que sua mão seja a primeira a regá-la;
quando a flor se sufocar na urze e no espinho,
que sua mão seja  a primeira a separar o joio, a arrancar a praga,
a afagar a pétala, a acariciar a flor;
Se a porta estiver fechada, de você venha a primeira chave;
Se o vento sopra frio, que o calor de sua lareira seja a  primeira proteção
e primeiro abrigo.
Se o pão for apenas massa e  não estiver cozido,
seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.
Não atire a primeira pedra em quem erra.
De acusadores o mundo está cheio; nem, por outro lado, aplauda o erro;
dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;
 Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu; 
sua atenção primeiro para  aquele que foi esquecido;
 Seja você o primeiro para aquele que não tem ninguém;
 Quando tudo for espinho, atire a primeira flor;
seja o primeiro a mostrar que há  caminho de volta,
 compreendendo que o perdão regenera,
que a  compreensão edifica,  que o auxílio possibilita,
 que o entendimento reconstrói.
 Atire você, quando tudo for pedra,
a primeira e decisiva flor.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

AS TRÊS PENEIRAS


Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. 

        Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:

        - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

        - Três peneiras?  - indagou o rapaz.

        - Sim ! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar?  Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

        Arremata Sócrates:

        - Se passou pelas três peneiras, conte !!! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar.
Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

As coisas em ordem...


Os grandes antigos, quando queriam propagar altas virtudes, punham seus Estados em ordem.

Antes de porem seus Estados em ordem, punham em ordem suas famílias.

Antes de porem em ordem suas famílias, punham em ordem a si próprios.

E antes de porem em ordem a si próprios, aperfeiçoavam suas almas, procurando ser sinceros consigo mesmos
e ampliavam ao máximo seus conhecimentos.

A ampliação dos conhecimentos decorre do conhecimento das coisas como elas são
(e não como queremos que elas sejam).

Com o aperfeiçoamento da alma e o conhecimento das coisas, o homem se torna completo.

E quando o homem se torna completo, ele fica em ordem.

E quando o homem está em ordem, sua família também está em ordem.

E quando todos os Estados ficam em ordem, o mundo inteiro goza de paz e prosperidade.

(Mestre Confúcio)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aprendendo a viver

Aprendi que se aprende errando
Que crescer não significa fazer aniversário.

Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.

Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela
Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se dar por inteiro
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas
Que se pode confessar com a Lua
Que se pode viajar além do infinito
Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso
Que se deve ser criança a vida toda
Que nosso ser é livre
Que Deus não proíbe nada em nome do amor.
Que o julgamento alheio não é importante
Que o que realmente importa é a Paz interior.

"Não podemos viver apenas para nós mesmos.
Mil fibras nos conectam com outras pessoas;

e por essas fibras nossas ações vão como causas

e voltam pra nós como efeitos."

(Herman Melville)

 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aprendendo a conversar com Deus

Letícia Thompson



Para conversar com Deus é preciso antes de tudo aprender a estar em silêncio.

Muitos se queixam que não conseguem ouvir a voz de Deus e, portanto, não há nenhum mistério.

Deus nos fala. Mas geralmente estamos tão preocupados em falar, falar e falar, que Ele simplesmente nos ouve. Se falamos o tempo todo, nada mais natural que ouvirmos o som da nossa própria voz. Enquanto nosso eu estiver dominando, só ouviremos a nós mesmos.

A maneira mais simples de orar é ficar em silêncio, colocar a alma de joelhos e esperar pacientemente que a presença de Deus se manifeste. E Ele vem sempre. Ele entra no nosso coração e quebranta nossas vidas. Quem teve essa experiência um dia nunca se esquecerá.

Nosso grande problema é chegar na presença de Deus para ouvir somente o que queremos. Geralmente quando chegamos a Ele para pedir alguma coisa, já temos a resposta do que queremos. Não pedimos que nos diga o que é melhor para nós, mas dizemos a Ele o que queremos e pedimos isso. É sempre nosso eu dominando, como se inversamente, fôssemos nós deuses e que Ele estivesse à disposição simplesmente para atender a nossos desejos. Mas Deus nos ama o suficiente para não nos dar tudo o que queremos, quando nos comportamos como crianças mimadas. Deus nos quer amadurecidos e prontos para a vida.

Quem é Deus e quem somos nós? Quem criou quem e quem conhece o coração de quem? Somos altivos e orgulhosos. Se Deus não nos fala é porque estamos sempre falando no lugar dEle.

Portanto, se quiser conversar com Deus, aprenda a estar em silêncio primeiro. Aprenda a ser humilde, aprenda a ouvir. E aprenda, principalmente, que Sua voz nos fala através de pessoas e de fatos e que nem sempre a solução que Ele encontra para os nossos problemas são as mesmas que impomos. Deus também diz "não" quando é disso que precisamos. Ele conhece nosso coração muito melhor que nós, pois vê dentro e vê nosso amanhã. Ele conhece nossos limites e nossas necessidades.

A bíblia nos dá este conselho: "quando quiser falar com Deus, entra em seu quarto e, em silêncio, ora ao Teu Pai."

Eis a sabedoria Divina, a chave do mistério e que nunca compreendemos. Mas ainda é tempo...

Encontramos no livro de Provérbios a seguinte frase:
"as palavras são prata, mas o silêncio vale ouro."

A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.





contact@leticiathompson.net

21/07/2003

Extraído do site: http://www.leticiathompson.net/aprendendo_a_conversar_com_Deus.htm

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ANTES QUE ELES CRESÇAM


Affonso Romano de Sant'Anna 

    Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos.
    É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
    Crescem sem pedir licença à vida.
    Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância.
    Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente.
    Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
    Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
    Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?
    A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...
    Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos.
    Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com uniforme de sua geração.
    Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas.
    E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.
    Principalmente com os erros que esperamos que não se repitam.
    Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos filhos.
    Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas.
    Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.
    Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
    Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hamburgueres e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.
    Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
    No princípio iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos.
    Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.
    Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
    Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".
    Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade.
    E que a conquistem do modo mais completo possível.
    O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.
    O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.
    Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.
    Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
    Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.


Extraído do site: http://www.veraperdigao.com.br/poesias/especiais/01affonso_romano/affonso_romaro.html#AR13

      
(Colaboração de Mariana Paula)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

AJUDA DIVINA


O rio subia e subia, inundando as casas até o teto; a Defesa Civil, a Cruz Vermelha e o Exército tentavam resgatar a quantos podiam.
    —Suba à lancha, senhor — dizem a uma pessoa que estava no alto de um teto, com a água na cintura.
    —Não, não faz falta, eu não necessito ajuda humana porque tenho muita fé e por isso meu Deus vai me salvar.
    —Deixe de bobagem  e suba à lancha rápido, que não temos muito tempo, porque há muitos mais a quem resgatar.
    —NÃO! Eu tenho muita fé e meu Deus vai me resgatar.
    Os que estão na lancha vêem que o homem está irredutível e como há tantas outras pessoas a quem ajudar, decidem ir embora.
    A água continua subindo, a corrente ameaça arrancar a nosso religioso homem daquele teto e levá-lo; ele se aferra ao teto com as unhas. Nisso se aproxima um helicóptero e do alto estendem-lhe uma escadinha.
    — SUBA! VENHA PARA CIMA! — dizem-lhe em voz alta.
    — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE TENHO MUITA FÉ QUE MEU DEUS VAI ME SALVAR!
    O helicóptero vai resgatar outros. A corrente acaba levando o homem rio abaixo, porém do alto de uma ponte lhe jogam uma corda.
    — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE... — etc., etc.
    O homem se afoga. Ao chegar ao céu, indignado, vai pedir contas a Deus:
    — Muito bonito, eu dizendo como um idiota que o senhor iria me ajudar, e nada! É esse seu amor por seus filhos? É assim que desampara a quem tem fé em Ti?

Deus se irrita e responde:

"ESCUTA-ME BEM, MAL-AGRADECIDO!
PORQUE TENS FÉ EM MIM TE MANDEI
UM BOTE, UM HELICÓPTERO E UMA CORDA,
E TUDO RECHAÇASTE.
QUE QUERIAS, QUE EU FOSSE EM PESSOA BUSCAR-TE?".

  Enrique Barrios

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A VIDA É O TREM QUE PASSA

Marillena S. Ribeiro


A vida é o trem que passa
Os sonhos são vagões
O amor é o maquinista
Somos nós, a estação!

Adquira seu bilhete, faça sua escolha
O trem vai seguindo continuadamente
Em cada vagão, o desejo de sua mente
...há também tristezas, desilusões
Com a passagem na mão, escolha!

A viagem, se longa não sabemos
A bagagem é cada dia vivenciada
Mudar o rumo, podemos
Sem mesmo saber da parada

A estação nunca pode estar vazia
Será sempre um passeio viver
Se sentar na janela, aprecie
Tudo é passagem, algo pode reter

Cada dia que passa é contagem regressiva
Viaje como se cada instante fosse único
Cada olhar como se fosse o último

Respire fundo, o caminho é longo
Encontrará adversidades
...tristezas
...saudades
...abismos
...retas
.curvas
inúmeras serão as vezes
que não veremos o que há além da curva
Mas o percurso seguirá sonhando

A vida é uma viagem
Somos mutantes
Somos passageiros
Somos nuvens
Somos fumaça

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A TIGELA DE MADEIRA

Cláudio Seto

    Um senhor de idade foi morar com seu  filho, nora e o netinho de
quatro anos de idade.
    As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos
vacilantes.
    A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão
falha do avô o atrapalhavam na hora de comer.
    Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão.
    Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.
    O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.
    - Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai - disse
o filho.
    - Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente
comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
    Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da
cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia
as refeições à mesa, com satisfação.
    Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora
era servida numa tigela de madeira.
    Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes
ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que
lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou
comida cair ao chão.
    O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
    Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu  que o filho pequeno
estava no chão, manuseando pedaços de madeira.
    Ele perguntou delicadamente à criança:
    - O que você está fazendo?
    O menino respondeu docemente:
    - Oh, estou fazendo uma tigela para você  e mamãe comerem,
quando eu crescer.
    O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.
    Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles
ficaram mudos.
    Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
    Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava
ser feito.
    Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente
conduziu-o à mesa da família.
    Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as
refeições com a família.
    E por alguma razão, o marido e a esposa  não se importavam mais
quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.
   
- - - - - - - - - - -
A Tigela de Madeira estava no site da nippo no final do ano passado como sendo texto e ilustração de Claudio Seto http://www.nippobrasil.com.br/2.semanal.lendas/index.shtml , neste ano não se encontra no site, mas tem a gravura no site: http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/blog.php?idb=5492.
Rosângela Aliberti escreveu para eles que disseram que é do referido Autor.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A PRINCÍPIO


A FELICIDADE REALISTA

MARTHA MEDEIROS



De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis. 

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o
que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

*    *    *    *    *    *    *    *

Esse texto foi publicado originalmente na coluna "Almas Gêmeas" do Terra.
Como saiu do ar, só está disponível através desse site, mas fica com erros em alguns caracteres:
http://web.archive.org/web/20040220195847/almas.terra.com.br/martha/martha_08_01.htm

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A FELICIDADE REALISTA

MARTHA MEDEIROS



De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o
que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

*    *    *    *    *    *    *    *

Esse texto foi publicado originalmente na coluna "Almas Gêmeas" do Terra.
Como saiu do ar, só está disponível através desse site, mas fica com erros em alguns caracteres:
http://web.archive.org/web/20040220195847/almas.terra.com.br/martha/martha_08_01.htm

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A PORTA DO LADO

Por Dráuzio Varella

         Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a
 gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos
 que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos
 mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada.

         E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida  da gente...

         É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na
 garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de
 simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua
 vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia.

         Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a
 abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de
 algumas pessoas melhor, e de outras, pior.

         Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos,
 mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes.

         Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para
 eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor
 diferença.

         O que não falta neste mundo é gente que se acha o último
 biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca
 ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga
e não deixam barato.

         Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente.
O mundo versus eles.

         Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também.
 É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema
 solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser
 resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido
 de desculpas, um deixar barato.

         Eu ando deixando de graça... Pra ser sincero, vinte e quatro
 horas têm sido pouco prá tudo o que eu tenho que fazer, então não vou
 perder ainda mais tempo ficando mal-humorado.

         Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e
 gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a
 "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato.

         Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do
 bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros
 dá errado."

         Quando os desacertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não
 estrague o seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia.
 Lembre-se, o humor é contagiante - para o bem e para o mal - portanto,
 sorria, e contagie todos ao seu redor com a sua alegria.
A "Porta do  lado" pode ser uma boa entrada ou uma boa saída... Experimente!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A PAZ


V.M. Rabolú


    Temos que ensinar a paz, porque a paz não se consegue com tratados, com convênios nem com documento algum, senão que a paz cada um devemos buscá-la dentro de nós mesmos. Educar as pessoas, instruí-las para que cada uma comece a buscar dentro de si a paz.

Não podemos conseguir a paz enquanto a pessoa esteja cheia de ambições, orgulho, querendo sobressair e se fazer sentir sobre os demais, como o mais poderoso.

Temos, como exemplo, os Estados Unidos, a Rússia, a Inglaterra e muitos outros que querem pela força dominar o mundo, apoderar-se. Por isso há guerras, porque um país, por pequeno que seja, se faz respeitar pelo invasor.

 É até ridículo e vergonhoso ouvir aos grandes intelectuais falar de paz, sem terem eles um momento de paz dentro de si mesmos. Este tipo de ignorantes crê que a paz é conseguida com discursos e palavras rebuscadas em enciclopédias, dicionários, estando por dentro podres de orgulho, vinganças, medo; e o pior de tudo é que ignoram seu estado interior e se crêem super-homens.

Como querem os governos conseguir paz em seus países, exigindo maiores impostos, a despesa familiar subindo diariamente, as enfermidades avançando pela desnutrição do povo e, não obstante, a qualquer um que lhes reclame seus direitos, tratam-no de comunista, revoltoso, guerrilheiro. Com este disfarce tapam a boca do povo, para que todos tenham medo e não possam reclamar. E, se o fizerem, para isso estão os grupos secretos, para calá-los.

 Assim é como se vê os assassinatos nos campos. Já não há quem cultive a terra com medo de ser assassinado com sua família. Mas, não obstante, enche-se-lhes a boca, falando de paz, democracia, e não sabem sequer o que é democracia e, se o sabem, calam-no.

 Em todo país onde há monopólio de imprensa, onde ninguém pode falar pelo rádio ou por escrito, que democracia pode haver?

 Estou demonstrando que democracia é uma palavra ou disfarce, para contentar o povo. Porém, se vamos aos fatos, demonstra-se o contrário, porque os fatos falam por si mesmos.

 O povo, descontente pelas más administrações, confundido, sem ter a quem se queixar, porque os códigos e as leis favorecem à sem-vergonhice e ao que tenha dinheiro, ou porque pertença à determinado partido político, ou famílias intocáveis. Por isto se formam as guerrilhas, já que são o resultado da grande injustiça social e moral.

 As pessoas sem nenhuma educação ou orientação crêem que o caminho correto é empunhar as armas e se lançar para reclamar seus direitos que por lei correspondem a cada cidadão, não tendo eles em conta que existe outro fator delicado e ao qual merece ser posto muita atenção, que é o comunismo internacional, sem saber sequer o que quer dizer comunista.

 Toda família, grande ou pequena, rica ou pobre, e toda organização pode também ser chamada comunista, porque a palavra comunista bem de comunidade.

 Todo lar e toda organização têm seu chefe. No lar é o pai de família, é ele quem distribui o dinheiro para satisfazer às necessidade nesse lar. Que é isto? Comunismo! Que é uma comunidade em miniatura, porém, o é.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Morte Devagar

Martha Medeiros



Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.


Sobre a autora:
Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre em 1961. Formada em Publicidade. Escreveu livros de poesias e de crônicas, seu mais recente lançamento é o livro de ficção: Divã. Martha é cronista do jornal Zero Hora.

Poesia apresentada no programa 97

Os poemas e os textos lidos em "Provocações” são, às vezes, livre adaptação do original, por Antônio Abujamra ou Gregório Bacic. O formato em que se apresentam escritos aqui é apropriado para a leitura em TV e não o seu formato original.

Extraído de:

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=11


colaboração: José Carlos Polo

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A GRANDEZA DO MAR

Paulo Roberto Gaefke
(No livro "Quando é preciso Viver" página 29)

Você sabe por que o mar é tão grande?
Tão imenso? Tão poderoso?
É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros
abaixo de todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios,
não seria mar, mas sim uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.
A perda faz parte.
A queda faz parte.
A morte faz parte.
É impossível vivermos satisfatoriamente.
Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber viver.
Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará.
Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder.
E isto você já sabe.

Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade
o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte.

Extraído do site: Meu Anjo

Colaboração: Mara Lúcia

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A GENTE SE ACOSTUMA

Marina Colassanti



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A FÁBULA DA ÁGUIA E DA GALINHA

Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.

"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.

Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.

Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.

Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.

- De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.

- Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.

- Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:

- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

 O camponês comentou:

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!

- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.

Sussurrou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas.

O camponês sorriu e voltou a carga:

- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!

- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a  águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e
dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.

Foi quando ela abriu suas potentes asas.

Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.

Voou. E nunca mais retornou."

Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos
que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.” 

Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A ESCOLA DOS BICHOS

Rosana Rizzuti

Conta-se que vários bichos decidiram fundar uma escola. Para isso reuniram-se e começaram a escolher as disciplinas.


O Pássaro insistiu para que houvesse aulas de
vôo. O Esquilo achou que a subida perpendicular em árvores era fundamental. E o Coelho queria de qualquer jeito que a corrida fosse incluída.


E assim foi feito, incluíram tudo, mas...
cometeram um grande erro. Insistiram para que todos os bichos praticassem todos os cursos oferecidos.


O Coelho foi magnífico na corrida, ninguém corria como ele. Mas queriam ensiná-lo a voar.
Colocaram-no numa árvore e disseram: "Voa,
Coelho". Ele saltou lá de cima e "pluft"...
coitadinho! Quebrou as pernas. O Coelho não
aprendeu a voar e acabou sem poder correr também.


O Pássaro voava como nenhum outro, mas o
obrigaram a cavar buracos como uma topeira.
Quebrou o bico e as asas, e depois não conseguia voar tão bem, e nem mais cavar buracos.


SABE DE UMA COISA?


Todos nós somos diferentes uns dos outros e cada um tem uma ou mais qualidades próprias dadas por DEUS.


Não podemos exigir ou forçar para que as
outras pessoas sejam parecidas conosco ou tenham nossas qualidades.


Se assim agirmos, acabaremos fazendo com que elas sofram, e no final, elas poderão não ser o que queríamos que fossem e ainda pior, elas poderão não mais fazer o que faziam bem feito.


RESPEITAR AS DIFERENÇAS É AMAR AS PESSOAS COMO ELAS SÃO.

domingo, 29 de julho de 2012

A ÁGUA DO MUNDO

de Leo Jaime.



Vou correndo, como se isso me fizesse escapar dos pingos da chuva que se inicia. Menos tempo na chuva, pode ser ilusório, mas tenho a impressão de que ficarei menos molhado, de que chegarei menos ensopado. Com o canto do olho observo o senhor que com a mangueira termina de limpar a calçada, mesmo sabendo que a chuva há de modificar todo o cenário nos próximos instantes. Ou vai trazer de volta toda a sujeira que ele está tirando ou vai lavar outra vez o que ele acabou de lavar.

A água que cai do céu cai purinha, purinha, é o que penso enquanto corro dela. A água que cai do céu. Lembro-me do livro da Camille Paglia em que ela afirmava, ou pelo menos foi o que me recordo de ter dali subtraído, que o homem havia optado por viver em grupo por temor aos fenômenos naturais: chuvas, clima, terremotos etc. Foi preciso se unir contra as forças da natureza. As forças amorais na natureza. Quando passa um furacão levando tudo, bons ou os maus, estão todos ameaçados. Quando chove muito e tudo começa a inundar, anjos e demônios poderão estar, em breve, igualmente submersos. Quando a água falta, senhores e escravos morrem da mesma sede. Há forças mais poderosas que a maldade humana.

Os destinos turísticos são, em sua maioria, lugares interessantes por causa da água. Praias, lagos, rios, cachoeiras: somos naturalmente atraídos pela água. A simples vista para o mar ou rio já torna um ambiente mais interessante. Parece óbvio o que digo mas se levarmos em conta que grande parte do planeta é tomado por água isso passa a ser, sim, digno de nota: vivemos em meio a tanta água e ainda somos tão fascinados por ela! Nosso organismo é também, em sua maior porção, água. Somos água, viemos da água, para a água voltaremos e, enquanto tivermos como aproveitar a vida, queremos fazê-lo perto de alguma fonte de água límpida, na beira de um rio ou mar. Navegando, que seja. Queremos água.

Vivemos, porém, sob o alerta de que a água pode acabar. É preciso economizar. Parece absurdo pois a água é absolutamente indestrutível! Se você toca fogo ela vira fumaça e depois volta  a ser água, se congela ela derrete e volta a ser água, seja lá o que se faça com ela, a água volta a ser água depois de um tempo, pura e cristalina. E na mesma quantidade! Pois é. Mas pode voltar salgada. Sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar? O prejuízo maior que a água pode sofrer é a poluição. Uma vez poluída a água pode demorar muitos anos para voltar ao seu estado natural, potável, como os pingos da chuva lá do início.

Volto ao início e ao senhor que tentava varrer uma folha de árvore, pequenina, da porta de seu prédio, segundos antes da chuva começar. Quantos litros de água pura ele desperdiçava naquela tarefa imbecil? Não seria mais fácil varrer a folhinha ou pegá-la com a mão? Aquela água correria para o bueiro e se juntaria ao esgoto cheio de substâncias químicas e de lá iria parar sabe-se lá onde, mas, poluída, demoraria um tempo enorme para voltar para o reservatório d'água da cidade. Este tempo é que pode ser o suficiente para uma cidade entrar em caos por não ter o que beber. A água não vai "acabar" nunca, mas talvez, um dia,  não possamos usufruir dela onde e como gostaríamos. Talvez as grandes desgraças naturais não nos metam tanto medo porque o que nos vai derrotar mesmo sejam as folhinhas nas calçadas. Aguadas de estupidez.

23/03/2006
Leo Jaime é cronista do Blônicas todas as quintas-feiras.

 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

INDECISÃO

arlos Peixoto Júnior



Por que quando damos atenção a uma pessoa ela não sabe dar valor?

E por que quanto mais a gente dá valor à mesma ela não retribui?

Não seria bem mais fácil se a retribuição viesse, já que o que é passado diariamente é um sentimento verdadeiro?

Vivendo e aprendendo que o que as pessoas gostam mesmo é de desprezo.

Pronto! É isto!

Vou te desprezar...

Antes de dormir, não vou mais rezar para que você tenha uma boa noite.

E quando acordar não vau mais te dar bom dia mesmo que você não esteja ao meu lado.

Não vou mais colocar aquela música que lembra algum momento quando estivemos juntos.

Não vou mais tentar demasiadas vezes te mostrar o quanto seria bom se estivéssemos juntos.

Também não vou mais ficar olhando coisas em lojas que com certeza você iria adorar ganhar de presente.

A partir de hoje não quero mais saber onde, com quem e como você está.

Vou tirar do meu coração esta vontade de te cuidar e te colocar embaixo de minhas asas.

Sabe aqueles beijos que te prometi dar quando eu conseguisse acordar primeiro que você? Pois é, não terá mais...

Vou parar definitivamente de falar sobre você e meus planos junto a você.

Também não vou mais ficar pensando como seria se você estivesse em tal lugar e em tal hora.

Vou cuidar mais de mim...

Vou ser mais eu...

E se você não notar minhas mudanças?

O que farei?

Descobri.

AMAR É MUITO VAGO.

 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

EXAUSTA DEMAIS PARA DECIDIR

Larissa Diniz


Eu estou cansada de tudo. Quem dera o meu cansaço fosse resolvido na cama depois de umas 12 horas de sono.
Mas quem está cansado como eu sabe o tanto de tempo que se gasta entre deitar e descobrir que não consegue mais dormir.
Cansaço físico é só mais uma necessidade do corpo, o tipo de necessidade que um enxame de demônios zumbindo constantemente na cabeça não me me permite mais desfrutar.
Eu estou cansada, cara! Cansada de tudo e de todo mundo. Cansada da forma como eu encaro as coisas, cansada do comodismo (o comodismo é o mau parasitário), cansada do velho (eu vejo um museu de grades novidades). O novo já nasce velho.
Eu queria reinventar a vida, reinventar os valores, as pessoas, reinventar as atitudes, os preconceitos.
Depois de centenas de milhares de anos de evolução, o mundo a cada dia dá mais um passo pro vazio (nos perderemos entre monstros da nossa própria criação).
Já faz tanto tempo.. "o encanto está perdido", tanto tempo.. as pessoas não se respeitam mais, tanto tempo, eu já não sei mais. Tanto tempo que alguém não deita e "olha" pro mundo e pensa na vida e se sente a pessoa mais feliz do mundo por estar ali fazendo nada.
Quem dera as pessoas soubessem que quem vê, muitas vezes não enxerga, só vê.. As pessoas estão se esquecendo de pensar =/
Eu fico triste com tudo, cara! Com a ignorância do mundo; eu tenho tantos propósitos, tantos planos tantos objetivos que eu me perco nos meus pensamentos.. e eu queria tanto que as pessoas pensassem também, que tivessem preocupações maiores, que se interessassem pela VIDA. Que importância tem quantas pessoas você beijou numa micareta? Que importância tem qual é a próxima festa e se você tem um vestido bacana pra ir? Cara.. isso não é nada...
As pessoas estão se tornando desnecessárias, fúteis não precisa nem falar...
Eu não escrevo isso achando que eu estou mudando alguma coisa, (isso, sim, seria ilusão, hein), ou mudando qualquer coisa na vida de alguém.. porque eu sei que muitas poucas pessoas conseguiram chegar até o final desse texto.. dá pra entender agora do que eu estou tão cansada?
Exausta de mais pra decidir, cansada demais pra acreditar.